E se eu precisar sair sem dizer adeus, deixe que eu vá sem dramas! Não me chame, não espere que eu olhe para trás, não me grite! Não me faça gritar! Não pense que n'algum momento eu abandonarei as malas na esquina e correrei de volta aos teus braços, ansiando teu colo e teus afagos. Não! Esta não sou eu.
Buscarei outro destino, ainda que seguindo a mesma estrada. Contudo, não importa: a estrada é a mesma, mas a maneira de seguir é outra, é tênue, é solitária. Não te apavores com última frase porque a solidão não me maltrata: me é necessária e na maioria das vezes, feliz. E quando a solidão for um fardo (se um dia assim acontecer), buscarei outros ombros, outros conselhos, outras companhias, desejos, amizades.
Falando sobre isso ainda ontem, uma amiga me disse admirar porque sou bem resolvida e prática. Sabe aquela coisa de perceber que é hora de mudar e tentar sem medo? Ela disse que eu sou assim. Bom. Não disse que não sou, mas sei que não sou.
A determinação (e de certo modo a anunciação) de mudança não extingue por si os medos, as angústias. A percepção de que é fim de linha num determinado ponto do trajeto não torna menos dolorosa a decisão de seguir por outras ruas, vielas e túneis. Tudo isso não me torna mais forte (nem mais fraca, admito). Todas essas coisas só são pelo próprio instinto animal de sobrevivência. E todo o resto é só o que sobra.
Mas se um dia fosse você a sair sem dizer adeus numa tarde de domingo?
E se fosse você, sem escolha, sem rumo, sem olhar para trás, sem abandonar as pesadas malas na esquina e sem recorrer ao meu colo por mais uma noite? Mas e se você me pedisse companhia para a última embriaguês, para a última discussão filosófica sobre Deus e as sacanagens que não entendemos? Se me pedisse pra dirigir em alta velocidade até aquela praia tão escondida aos pés do Cristo? E se me pedisse para fazermos sexo ardente e perigosamente pelas ruas do Rio de Janeiro? E se me chamasse para ir à casa de todas aquelas patricinhas chatas e infantis e dizer à elas todas as nossas verdades chocantes sobre elas e o mundo? E se quisesse um ar de loucura em seu último dia?
Todas essas coisas eu faria.
Se você me disser que vai partir e que não há mais nada que possamos fazer, eu largo minhas malas e fico mais um pouco.Você sabe que sim. Eu sigo calada ao teu lado. Posso ser a sua solidão, se é assim que te agradas. E quando minha solidão também te for insuportável, quando houver só desespero, abro os braços pra você, te cuido, te afago e te invento um deus novinho em folha para renovar as esperanças.
Tão jovem que és, anuncia que é chegada a dolorosa hora de partir... Lido mal com as idas, com as perdas... sabes disso. Preferiria ir antes e realizar com lágrimas nos olhos toda aquela cena do primeiro parágrafo. Mas não sou assim. Sou antes de tudo aquela que precisa esperar; aquela que entende que a amizade e o amor só podem ser pelo o exercício de ficar, quando tudo o que mais se quer, é partir...
9 comentários:
Ai...ai, passei por aqui para deixar uma mensagem feliz, dizer que sou sua seguidora agora (pois ignorantemente achei que para seguir um blog era preciso ter um blog) e assim que entro no Cesto deparo-me com esse texto. Chorei, afinal sou ótima nisso, desconfio que dentro de mim existe uma fonte de lagrimas que não seca nunca. Chorei pq dificilmente não choro quando me emociono, quando fico feliz, quando fico triste , posso dizer que sou uma pessoa dada as lagrimas. Fiquei muito emocionada com seu texto, acho que sua escrita sempre me garante isso. Por conta disso e muitas outras tantas coisas eu te admiro demais, e não paro de te ler.
Mil beijos!!!
Ps: A amiga que disse que vc era prática demais, ai meu Deus desconfio que fui eu...rs...é mesmo o que penso, mas vc....vc esta sempre me surpreendendo...
Clara, eu não te conheço, apenas as coisas que você escreve...tudo perfeito, sou sua fã incondicional. Amo este blog e se algum dia lançar um livro por favor, avise adoraria adquiri-lo. Beijos, felicidades e sucesso. obrigada por abrilhantar o mundo com seus lindos textos. Leila
IrmãFã...
Quando leio seus textos, eu paro e penso que a sua inspiração é tudo aquilo que tens a sua volta...
É bom pensar que eu faço parte do seu mundo!
Desculpas pelo meu breve comentario, mas nao sou boa nisso (rs).
Te amo!!!
Meninas! Obrigada pelo grande carinho! estou muito feliz por vocês estarem TAMBÉM por aqui, já que me acompanham por muito outros lugares...
Leila, meu amor! Fiquei muito emocionada com seu comentário! A última postagem foi pra você. Espero que goste, mas se não gostar, tudo bem!
Um beijo grande!
Nossa Clarinha! Como sempre arrasando em seus textos! Parabéns pela sensibilidade, pela criatividade e por compartilhar seus pensamentos, sentimentos e maçãs conosco aqui nesse cesto! Já estão separadas alumas páginas do nosso convite de formatura que, fato, serão escritas por você! rs
Aproveitando este espaço para dizer que estou com saudades sua e da Vê!
Besos Paty
Paty, Paty! menina prodígio!!! rsrs Que honra ler suas palavras! Fique bastante à vontade aqui neste espaço ( e em outros espaços da minha vida também!, rsrs) Pode ter certeza que Verônica e eu também estamos saudosas - apesar do vexame do final do semestre, rsrsrs.
Amanhã nos vemos!
Um beijo enorme!!!!!
Olá Clara!
A Leila me apresentou seu blog e me recomendou esse seu texto (ela sabia o que tava fazendo...rs). E, realmente ela ou você, ou as duas, me acertaram em cheio! Gostei muito!
Abraços.
Jacqueline.
Oi Jaque!
Obrigada pela visita!
Fico muito feliz pela delicadeza do comentário. Espero que, no que se refira a escrita e aos sentimentos, possamos sempre nos tocar, de maneiras infinitas.
Beijos!
Oi Jaque!
Seja bem-vinda!
Obrigada por me fazer esta visita!
Espero que continuemos nos falando e, no que se refere aos sentimentos e palavras, continuemos nos tocando.
beijos!!!
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