Conversas (des) encontradas
Era uma vez uma Escuridão.
Não era uma Escuridãozinha qualquer.
Não.
Era uma Escuridãozona, daquelas que só aparecem nos quartos das crianças de quatro anos de idade.
E Escuridão era solitária, coitada!
Vagava pela noite, sem ninguém pra conversar.
.
.
.
Era uma vez uma Lâmpada.
Não era uma Lâmpada mágica, daquelas que se esfrega e sai um Gênio que lhe concede três desejos.
Não.
Era uma Lâmpada comum, daquelas que se acende no teto dos quartos das meninas de quatro anos de idade que têm medo da Escuridão.
A Lâmpada também era solitária, coitada!
Acendia todas as noites, sem ninguém para conversar.
.
.
.
Era uma vez uma menina de quatro anos de idade.
Não era uma menininha qualquer.
Não.
Era daquelas que, apesar de morrer de medo da Escuridão, era curiosa e adorava saber das coisas.
Ela sempre se perguntava até encontrar respostas.
Um dia, se perguntou:
- Por que não tem Luz na Escuridão?
Danou a perguntar para as crianças de vinte e poucos anos de idade, que só sabiam responder:
- Oras! Pelo mesmo motivo que não tem Escuridão na Luz!
.
.
.
Era uma vez um Porquinho.
Não era um Porquinho daqueles que ficam no chiqueiro das fazendas com os quais as vovós fazem torresminhos gostosos pra gente comer.
Não.
Era um Porquinho daqueles de porcelana que as meninas de quatro anos colocam sobre a cômoda dos quartos para guardarem as moedinhas que sobram do dinheiro da padaria, da feira e do mercado.
O Porquinho conhecia a Lâmpada e a Escuridão.
O Porquinho era da menininha de quatro anos, e sabia que logo, logo, seria quebrado...
Ele estava certo.
.
.
.
Era uma vez os quatro anos de idade da menina e sua curiosidade infantil...
Um dia, abriram a porta e entraram no quarto.
Olharam fixamente para a cômoda.
Lançaram um olhar comovido sobre o companheiro Porquinho branco de porcelana.
Fizeram-lhe um último carinho.
Tacaram-no no chão com toda a força que se tem nos bracinhos aos quatro anos de idade.
Pronto!
Era uma vez um Porquinho!
.
.
.
Era uma vez dez dedinhos de quatro anos de idade que catavam, cuidadosamente, várias moedinhas que rodavam pelo chão, após saírem de certo Porquinho estilhaçado...
Os dedinhos juntaram tantas moedas quanto podiam e foram correndo à venda da esquina.
A menina e seus dedinhos sabiam do que precisavam.
Deram as moedinhas e receberam um Abajur.
.
.
.
Era uma vez um Abajur.
E ele também não era um Abajur qualquer, desses que tem nos quartos de muitas crianças de vinte e poucos anos...
Não.
Era um Abajur lindo, desses que só tem nos quartos das criancinhas de quatro anos de idade.
E o Abajur ficava lá, ao lado da cama da menina, que ainda se perguntava porque não havia Luz na Escuridão...
.
.
.
Era uma vez uma criança de vinte e poucos anos de idade que retirou a Lâmpada do teto do quarto e a colocou no Abajur da menina de quatro anos de idade.
A menininha correu e fechou a janela para que a Escuridão entrasse.
Fez silêncio.
(Talvez até tivesse sentido um pouco de medo)
Acendeu o Abajur e contemplou...
Olhou ao lado da cômoda onde o Porquinho costumava ficar e viu ao longe um pouco da tímida Escuridão, que tentava se esconder.
Foi a primeira vez que achou graça da Escuridão.
Olhou então embaixo da cama.
Sorriu de novo.
Sentou-se sobre a cama ao lado do Abajur e sorriu para a Lâmpada, acesa e orgulhosa.
Olhou para suas mãozinhas de quatro anos...
Gargalhou.
Colocou-as frente ao Abajur e viu suas mãos grandes e escuras refletidas na parede.
Morreu de rir de sua descoberta.
Morreu de rir das crianças de vinte e poucos anos que não sabem que
A LUZ NA ESCURIDÃO É A SOMBRA.
Era uma vez uma Escuridão.
Não era uma Escuridãozinha qualquer.
Não.
Era uma Escuridãozona, daquelas que só aparecem nos quartos das crianças de quatro anos de idade.
E Escuridão era solitária, coitada!
Vagava pela noite, sem ninguém pra conversar.
.
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Era uma vez uma Lâmpada.
Não era uma Lâmpada mágica, daquelas que se esfrega e sai um Gênio que lhe concede três desejos.
Não.
Era uma Lâmpada comum, daquelas que se acende no teto dos quartos das meninas de quatro anos de idade que têm medo da Escuridão.
A Lâmpada também era solitária, coitada!
Acendia todas as noites, sem ninguém para conversar.
.
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Era uma vez uma menina de quatro anos de idade.
Não era uma menininha qualquer.
Não.
Era daquelas que, apesar de morrer de medo da Escuridão, era curiosa e adorava saber das coisas.
Ela sempre se perguntava até encontrar respostas.
Um dia, se perguntou:
- Por que não tem Luz na Escuridão?
Danou a perguntar para as crianças de vinte e poucos anos de idade, que só sabiam responder:
- Oras! Pelo mesmo motivo que não tem Escuridão na Luz!
.
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.
Era uma vez um Porquinho.
Não era um Porquinho daqueles que ficam no chiqueiro das fazendas com os quais as vovós fazem torresminhos gostosos pra gente comer.
Não.
Era um Porquinho daqueles de porcelana que as meninas de quatro anos colocam sobre a cômoda dos quartos para guardarem as moedinhas que sobram do dinheiro da padaria, da feira e do mercado.
O Porquinho conhecia a Lâmpada e a Escuridão.
O Porquinho era da menininha de quatro anos, e sabia que logo, logo, seria quebrado...
Ele estava certo.
.
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.
Era uma vez os quatro anos de idade da menina e sua curiosidade infantil...
Um dia, abriram a porta e entraram no quarto.
Olharam fixamente para a cômoda.
Lançaram um olhar comovido sobre o companheiro Porquinho branco de porcelana.
Fizeram-lhe um último carinho.
Tacaram-no no chão com toda a força que se tem nos bracinhos aos quatro anos de idade.
Pronto!
Era uma vez um Porquinho!
.
.
.
Era uma vez dez dedinhos de quatro anos de idade que catavam, cuidadosamente, várias moedinhas que rodavam pelo chão, após saírem de certo Porquinho estilhaçado...
Os dedinhos juntaram tantas moedas quanto podiam e foram correndo à venda da esquina.
A menina e seus dedinhos sabiam do que precisavam.
Deram as moedinhas e receberam um Abajur.
.
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.
Era uma vez um Abajur.
E ele também não era um Abajur qualquer, desses que tem nos quartos de muitas crianças de vinte e poucos anos...
Não.
Era um Abajur lindo, desses que só tem nos quartos das criancinhas de quatro anos de idade.
E o Abajur ficava lá, ao lado da cama da menina, que ainda se perguntava porque não havia Luz na Escuridão...
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Era uma vez uma criança de vinte e poucos anos de idade que retirou a Lâmpada do teto do quarto e a colocou no Abajur da menina de quatro anos de idade.
A menininha correu e fechou a janela para que a Escuridão entrasse.
Fez silêncio.
(Talvez até tivesse sentido um pouco de medo)
Acendeu o Abajur e contemplou...
Olhou ao lado da cômoda onde o Porquinho costumava ficar e viu ao longe um pouco da tímida Escuridão, que tentava se esconder.
Foi a primeira vez que achou graça da Escuridão.
Olhou então embaixo da cama.
Sorriu de novo.
Sentou-se sobre a cama ao lado do Abajur e sorriu para a Lâmpada, acesa e orgulhosa.
Olhou para suas mãozinhas de quatro anos...
Gargalhou.
Colocou-as frente ao Abajur e viu suas mãos grandes e escuras refletidas na parede.
Morreu de rir de sua descoberta.
Morreu de rir das crianças de vinte e poucos anos que não sabem que
A LUZ NA ESCURIDÃO É A SOMBRA.
Clara Rohem.
2 comentários:
=) Era vez uma criança de vinte e "pouco ano" (haha) que tem medo da escuridão até hoje. =P
Hahahaha
Boba demais, né?
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